Descrição
Este artigo é uma reflexão sobre a erupção da vida e da inteligência artificiais no campo particular da performance, no contexto das artes cênicas e da instalação em geral. Este é um espaço de reflexão que nos coloca diretamente na interseção do teatro, da ciência e da tecnologia. Por "vida artificial", referimos essencialmente as práticas tecnocientíficas que contribuem para a criação de uma vida "a-natural", conforme entendimento de Alain Prochiantz, "sintética", também dita "artificial". Biologia sintética e inteligência artificial constituem, de certa maneira, dois lados de uma mesma moeda, chamada de vida artificial. O questionamento se faz entorno da teatralidade dessa vida, dessas formas de vida, de forma a demonstrar que os materiais oferecidos pela ciência e tecnologia são dramaturgicamente e cenograficamente propícios para uma reformulação da ideia de teatro enquanto "arte viva". Iniciamos apresentando as bases de uma definição de vida artificial, levando em consideração as artes biotecnológicas como formas de expressão da vida tal qual ela pode se expressar ou se manifestar. Em seguida, propomos uma extensão dos domínios da performance e da instalação para as artes transgênicas e robóticas. Encerramos a reflexão pela observação da emergência de novas teatralidades através da encenação do ser vivo que ilustram bem a ideia, segundo a qual essa tem relação com os artifícios da linguagem e da técnica.