Descrição
Mediante a leitura de The Aran Islands (1907), relato de viagem do irlandês John Synge às ilhas situadas no oeste do país, este trabalho examina como o dramaturgo representa a comunidade camponesa, investida pela intelligentsia nacionalista de valor simbólico enquanto guardiã de heranças pré-coloniais. Na contramão de leituras tradicionais limitadas a sublinhar o papel da experiência etnográfica no desenvolvimento da estética syngueana, demonstro que a representação de Synge acerca dos camponeses assume contornos orientalistas. Inserido numa formação discursiva orientalista, o viajante reitera dualismos como natureza/cultura e civilização/barbárie, cristalizando diferenças entre o campesinato e a aristocracia anglo-irlandesa, classe dominante à qual pertencia.