Descrição
A Morfologia tal qual é conhecida na atualidade, como a ciência que tem como objeto de estudo as formas mínimas do significado, foi desenvolvida no século XIX. August Schleicher na introdução da obra “As línguas da Europa moderna” (1897 [1857]) escreveu que “cada língua pode ser decomposta em dois elementos: noções de um lado e relações do outro” (p. 7); “que a essência de uma língua se baseia sobre a maneira como ela expressa acusticamente, quer dizer por uma palavra”, as significações e as relações (p. 7). Essas noções explicitam a formação básica das palavras nas línguas flexionais, ou nas línguas indo-europeias. Essa visão terminava por conjuminar séculos de estudo sobre a palavra, desde os gregos clássicos, fala-se aqui dos Diálogos de Platão, que tinham na palavra o objeto de estudo. Em Platão as noções de convenção e sugestão para as palavras estão muito bem explicadas e, durante os séculos que se sucederam, teorizou-se muito sobre a construção dos sentidos através das palavras. Isso de tal maneira que, no início do século XIX, a relação entre o pensamento e as palavras estava suficientemente compreendida para que se pudesse procurar na manifestação da língua a estrutura da representação do pensamento. De fato, é a descoberta do sânscrito que impulsionaria o desenvolvimento das pesquisas estruturais, porque expusera com clareza a condição de historicidade das línguas (Continua...)