Descrição
Graças aos avanços e a popularização dos meios de captação audiovisual que aconteceram nas últimas décadas, a produção de documentários em primeira pessoa apresentou lato crescimento nos últimos anos. Por seu caráter egocêntrico centrado na vida pessoal de seus realizadores, esse tipo de filme é constantemente alvo de acusações e deslegitimação. Mas não pode o relato em primeira pessoa transcender a experiência individual? Seriam esses filmes necessariamente narcisistas e supérfluos? Falar de si mesmo é político? Partindo de algumas reflexões sobre o filme-ensaio e o documentário em primeira pessoa, esse artigo se propõe a fazer uma análise do curta-metragem brasileiro Virgindade (Chico Lacerda, 2015). Pretende-se assim apontar como o uso estrutural da obra fílmica produz um discurso que constrói uma certa memória utópica queer, como proposta por José Esteban Muñoz.