Descrição
Este artigo trata da expressão “belíssima” que foi recorrente em entrevistas em profundidade com cinco travestis gaúchas do Sul do Brasil, a maioria branca, com idades de 65 a 80 anos e diversos perfis. A expressão revelou-se polissêmica e central no entendimento das narrativas de si das sujeitas, tanto falando sobre corpos, aspectos físicos, performatividades de gênero até a questão da memória coletiva do grupo. Aqui explora-se um diálogo entre o termo e os conceito de performatividade de gênero de Butler e da prótese de Preciado. Belíssima descreve, entre outros, um padrão de corpo e beleza diferente do modelo cisnormativo de beleza atual e da geração mais jovem de travestis. É uma beleza abertamente feita com artifícios, que reconhece a prótese e o artificial como parte potente de sua construção e procura uma noção de hyper feminilidade, passando pelo risco de tornar um corpo visivelmente abjeto.