Descrição
This article intends to demonstrate that Milton Hatoum’s novel Relato de um Certo Oriente (1989) explains the affinity between the acts of reading and seeing, such affinity dates back to the iconic origins of writing. Despite not presenting any material image in yours pages or exploiting the graphic dimension of letters in which is composed, the work in question reestablishes the links between the verbal and the visual by reference to arabic alphabet, coffee grounds reading, Soraya Ângela’s expressive forms and comet written/drawn by Dorner. Thus, Hatoum’s novel, when addressing the writing iconicity, not only suggests the similarity between the gesture of writers and visual artists but also confirms the critique of “alphabet-centrism”, which, selon Roland Barthes (2004), neglects the cryptographic, ritualistic and symbolic aspect that characterizes the writing practice.||O presente artigo propõe-se a demonstrar que o romance Relato de um Certo Oriente, de Milton Hatoum (1989), explicita a afinidade entre o ler e o ver, afinidade essa que remonta a origens icônicas da escrita. Apesar de não apresentar nenhuma imagem material em suas páginas nem explorar a dimensão gráfica das letras com que é composta, a obra em questão procura restabelecer os elos entre o verbal e o visual por meio da referência ao alfabeto árabe, à leitura da borra de café, às formas expressivas de Soraya Ângela e ao cometa escrito/desenhado por Dorner. Dessa maneira, o romance de Hatoum, ao abordar a iconicidade da escrita, não apenas sugere a semelhança entre os gestos dos artistas da palavra e dos artistas da imagem como também corrobora a crítica ao “alfabetocentrismo”, o qual, conforme Roland Barthes (2004), negligencia o aspecto criptográfico, ritualístico e simbólico que caracteriza a prática da escrita.