Descrição
Através de minha tese de doutorado que trata da poética da assimetria no nascimento da “civilização urbana” no corpo de uma América barroca, este ensaio procura refletir sobre os aspectos relacionados ao tratamento da memória coletiva e do patrimônio etnológico que compõe a vida urbana no Brasil a partir da critica bachelardiana ao conceito de intuição da duração em M. BERGSON e da construção por este autor da intuição do instante como contraponto a idéia bergsoniana da duração como dado imediato da consciência. Neste ensaio convidamos o leitor a pensar que o passado é uma “força real de causalidade” do tempo presente, para adotar a idéia de que o presente se configura como afirmação de uma seqüência de instantes cuja cadencia de propagação faz parecer sua condição temporal como contínua e homogênea. Esta preocupação aparentemente pontual sobre o tema da dialética da duração e da intuição do instante na obra de G. BACHELARD pode ser lida à luz das preocupações simmelianas a respeito dos caminhos que conduzem as formas sociais a se perpetuarem. Preocupações que considero ainda atuais na ordem do dia para se pensar o tema do patrimônio e das dinâmicas culturais. Segundo G. SIMMEL o que desafia todo o sociólogo é a manutenção da vida social sendo que ela não contempla a mesma matéria dos fenômenos físicos. Para encaminhar uma resposta a seus problemas, este autor nos sugere que ao invés de se pensar a duração destes fenômenos sociais, mas na sua forma. Vejo aí, um convite a adentrarmos as reflexões bachelardianas sobre tempo e duração para pensar com G. SIMMEL as formas especificas pelas quais as sociedades enquanto tais se conservam, em particular a sociedade brasileira.