Descrição
Apesar do aparente rigor formal do debate eleitoral televisivo, já que as regras são explicitadas no início do evento, a utilização estratégica dos recursos disponibilizados para sua composição pode tornar este gênero discursivo mais flexível de acordo com os interesses particulares dos candidatos. A desobediência velada às regras do jogo (atos de fala previstos, direcionamento da interlocução, identidade assumida etc.) pode funcionar como uma importante estratégia de persuasão para o político que participa de um debate eleitoral televisivo. Pretendemos exemplificar tais assertivas por meio da exposição de algumas transgressões do debate televisionado entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), às vésperas da eleição presidencial de 2006. A metodologia definida para a realização dessa pesquisa baseia-se nos estudos discursivos críticos de Norman Fairclough, (2001). Além disso, será privilegiada a concepção de gênero bakhtiniana, em que os tipos de enunciados relativamente estáveis são sensíveis às transformações socioculturais e históricas. Em função disso, por serem constituídos nos atos concretos das interações dialógicas, não podem sustentar uma regularidade rígida, estanque, mas flexíveis, abertos às inovações tecnológicas, principalmente às midiáticas. Assim, percebemos nessa pesquisa que o suporte televisivo possibilita ao gênero discursivo debate eleitoral televisivo o uso de novas interações estratégicas na construção dos sujeitos ali posicionados.
