Descrição
Este estudo é uma pesquisa culturo-semântica sobre a chamada baianidade em uma série de aspectos: o sentido tradicional do termo; a cordialidade; a democracia racial; a miscigenação. Sugere-se que, através do circulação do termo como prática e portanto como realidade, se concede certo espaço e prestígio simbólico à negritude a um nível estético-espiritual nacional em troca de certa passividade política por parte da comunidade negra. Propõe-se, porém, que tal efeito não deve ser classificado como uma manobra consciente do poder; responde, antes, a um imperativo da economia interna do tráfico do “capital simbólico”. Para exemplificar a fluidez e também o essencialismo semântico do termo, enfoca-se a palavra baiana que pela etimologia significa uma região, mas que por metonímia cultural passa também a conotar certa religião à exclusão de outras, e certa culinária à exclusão de outras, e que, portanto, ilustra a hegemonia simbólica de um eixo identitário entre diversos possíveis para o termo. Em contra-partida, o artigo explora a adaptação da baianidade à (pós-)modernidade, como sociedade de consumo, de individualismo e tolerância. Finalmente, o artigo também compara a baianidade com outros discursos ideoestéticos da diáspora negra e as lógicas culturais poéticas correspondentes.