Descrição
Esta pesquisa tem como tema a estética da bricolagem em arquiteturas inventadas e construídas pelos próprios moradores. O foco é no imaginário popular que transforma fragmentos em matéria preciosa para a criação. O imaginário, dimensão fundamental das criações do pensamento humano, é rede de imagens na qual o sentido emerge das relações entre elas. Os “construtores do imaginário” metamorfoseiam lixo em arte, caquinho em beleza, e criam casas com restos de construções, pedaços de louça e vidro, lâmpadas queimadas, moedas anti-gas, e uma série de objetos considerados imprestáveis - sobras da sociedade de consumo. A “estética do descartável” é também condição de sobrevivência, astúcia popular que afirma a inventividade própria das táticas, onde a ordem das coisas é desviada dos fins a que antes eram designadas. A bricolagem tem a ver com o acaso e a incompletude: é o acontecimento imprevisto. O bricoleur, neste caso, é aquele que remenda coisas e faz objetos com pedaços de outros objetos. Exemplos desta estética são: a Casa da Flor, de Gabriel Joaquim dos Santos, e a casa de Estevão Silva da Conceição, o “Gaudí brasileiro”. A casa de bricoleur é um organismo vivo, um corpo poético em contínuo estado de transformação. Palavras-chave: Bricolagem, imaginário popular, estética