Descrição
Baseado na complexa e multidimensional definição de democracia racial estabelecida por Antonio Sérgio Alfredo Guimarães (mito, ideal e pacto), examinamos como Casa-grande & senzala participa da construção do pacto racial-democrático ensaiado no final dos anos 1930 no Brasil. Para isso analisamos como Gilberto Freyre estabelece discurso performativo sobre a democracia racial, em que supostamente se constatariam as interações não racistas dos brasileiros, ao mesmo tempo que também articula um discurso da democracia racial como pedagogia, em que ele desmente os estigmas raciais relacionados à presença do negro no Brasil, e busca celebrar as contribuições materiais e imateriais dos negros à cultura brasileira. Pretendemos mostrar como as ações linguísticas geradas no texto formam um campo de força discursivo essencial para a elaboração da democracia racial como pacto. ||Drawing on the complex and multidimensional definition of racial democracy established by Antonio Sérgio Alfredo Guimarães (myth, ideal and pact), we examine how “Casa-grande & senzala” takes part on the building of a racial-democratic consensus rehearsed in the 1930s in Brazil. In order to accomplish this goal, we analyze how Freyre puts forward a performative discourse on racial democracy, in which he supposedly verifies the non-racists interactions of Brazilians and, at the same time, brings forth a discourse on racial democracy as pedagogy, in which he dismantles racial stigmas associated with the African presence in Brazil, and celebrates the great contributions of African people to Brazilian culture. We intend to show how these linguistic actions generated in the text create a discursive force field that is paramount to the pact of racial democracy.