Descrição
Os anos que se seguiram à segunda metade do século XX, sob a ótica literária, contribuíram de forma significativa para o surgimento de narrativas ficcionais de autoria feminina, cujas temáticas desvencilharam-se, em maior ou menor grau, de temas até então recorrentes nesse tipo de produção literária, num processo em que o retrato da realidade doméstica passou a dar espaço a debates acerca de aspectos políticos e sociais. É sob essa perspectiva que o presente estudo visa analisar os reflexos da Segunda Guerra Mundial na obra intitulada O menino que comeu uma biblioteca (2018), da escritora sul-rio-grandense Leticia Wierzchowski. Sua construção ficcional possui, como uma de suas principais características, a representação da imigração polonesa, bem como suas memórias e traumas de guerra. Dessa forma, atentamos, neste estudo, para o modo como a autora aborda as questões políticas e sociais do período em sua ficção, rompendo, ao menos em partes, com as características e limitações impostas às narrativas literárias de conteúdo ligado ao feminino.||The years that followed the second half of the twentieth century, from a literary perspective, contributed significantly to the emergence of fictional narratives of female authorship, whose themes detached, to a greater or lesser extent, from themes that had so far recurrent in this type of literary production, in a process in which the portrait of domestic reality started to give space to debates about political and social aspects. It is from this perspective that the present study aims to analyze the reflexes of the Second World War in the work entitled “The boy who ate a library” (2018), by the writer from Rio Grande do Sul Leticia Wierzchowski. Its fictional construction has, as one of its main characteristics, the representation of Polish immigration, as well as its memories and war traumas. Thus, in this study, we pay attention to the way the author approaches the political and social issues of the period in her fiction, breaking, at least in parts, with the characteristics and limitations imposed on literary narratives of content linked to feminism.