Descrição
Concebendo o ensino de língua inglesa como uma prática racializada (PENNYCOOK, 1998; KUBOTA, 2019) e as identidades docentes como múltiplas e complexas (VARGHESE et al, 2005), o objetivo deste artigo é compreender as possíveis interfaces entre as representações acerca dos falantes nativos de língua inglesa e a construção das identidades docentes de professores negros e negras de língua inglesa. As análises de excertos de narrativas de professoras negras apontaram que os falantes nativos de língua inglesa estão representados na sociedade como pessoas brancas oriundas de países do norte global (KUBOTA; LIN, 2006; ANYA, 2018) e que tais representações perpassam os processos de ensino e aprendizagem, influenciando currículos acadêmicos (CARVALHO, 2006), modelos educacionais e materiais didáticos adotados (KALVA; FERREIRA, 2013; JORGE, 2014). O estudo também mostrou que as professoras negociam suas identidades docentes por meio de processos comparativos visando apagar características racializadas como o sotaque. Além disso, devido ao contingente ainda limitado de pessoas negras nos ambientes acadêmicos (NASCIMENTO, 2019), as professoras encontram dificuldades para construir identificação com os colegas de profissão e também com a língua inglesa.