Descrição
O brasileiro Rogério Sganzerla e o argentino Edgardo Cozarinsky, o primeiro em São Paulo, o segundo em Buenos Aires, vivenciaram no inicio dos anos 1960 o contexto cosmopolita da cinefilia, marcada pela leitura de revistas especializadas estrangeiras e pela assiduidade em cinemas, cineclubes e cinematecas. Tanto o brasileiro quanto o argentino se inserem na tríade composta por cinefilia/ crítica/ realização e a seguem passo a passo. O segundo estágio desse percurso, a atividade crítica em jornais e revistas, foi caracterizado, para ambos, por uma intensa admiração ao cinema moderno. Porém, quando passam para a realização cinematográfica no final da década de 1960 o cinema moderno, mundialmente, já estava em seu momento de crise e redefinição. O paradigma dos cinemas novos é então questionado. O “novo” transfere-se à categoria de “antigo”. Sganzerla, no Brasil, gradualmente aumenta as suas ressalvas ao Cinema Novo, seu anterior objeto de elogio. Cozarinsky, na Argentina, ao dirigir seu primeiro filme, colocará de maneira clara suas oposições ao grupo Cine Liberación. Nosso objetivo se configura em, por meio do exame de materiais publicados na imprensa entre 1968 e 1973, rastrear a origem da oposição de Sganzerla ao Cinema Novo e a origem das divergências de Cozarinsky ao Cine Liberación no momento em que ambos transitam da crítica para a realização de filmes.