Descrição
Partindo de um estudo morfogenético do eixo da Boavista, na cidade do Porto, desenvolve-se uma análise comparativa das características dos documentos cartográficos urbanos utilizados (cerca de duas dezenas de levantamentos/projetos, datados de entre finais do século XVIII a princípios do século XX) e sublinha-se a utilização da cartografia urbana antiga enquanto instrumento incontornável de conhecimento e reconhecimento da morfogénese urbana, bem como para enquadramento da atuação urbanística atual.O eixo da Boavista está genericamente consubstanciado num notável segmento de reta (constituído por uma rua, uma avenida, uma praça retangular e duas rotundas) que se prolonga por cerca de 6,5 quilómetros, evidenciando uma rotunda intermédia e apresentando dois perfis transversais tipologicamente distintos.Sendo um dos elementos que mais se evidenciam na malha urbana portuense e que aparenta ser a resultante de um único rasgo de planeamento, o eixo da Boavista é tanto mais notável quanto a sua abertura decorreu, afinal, entre o século XVIII e o século XX, correspondendo à persistência política de diversas gerações do poder municipal. Contrariamente à respetiva forma, a sua história não é linear e embora considerando o percurso da Rua da Boavista como a génese condicionadora do traçado da Avenida da Boavista, cada uma (rua e avenida) evoca conceções urbanísticas distintas, assentes em diferentes estratégias territoriais eurbanas.Aformação do eixo da Boavista, entre 1784 e 1915/17, foi mais complexa, mas a cartografia urbana permite identificar cada um dos momentos da sua estruturação, quer pela identificação dos elementos físicos que identificam o faseamento, quer pelas características intrínsecas dos diversos documentos cartográficos.