Descrição
No artigo tratamos de um procedimento discursivo, a ekphrasis, na leitura de uma passagem da Primeira Parte da crônica do imperador Clarimundo, donde os reis de Portugal descendem, narrativa de cavalaria publicada por João de Barros, em 1522, e dedicada ao príncipe e depois rei, D. João III. Trata-se da primeira narrativa cavaleiresca com matéria pátria publicada em Portugal, obra essa que teve algumas reimpressões e reedições, dos séculos XVI ao século XX. Dada a pouca atenção dispensada a este livro, nosso artigo apresenta-o na sua primeira parte. Em seguida, tratamos do que seja a ekphrasis ou, sua acepção latina, a descriptio, segundo alguns estudos recentes e em tratados antigos como o de Hermógenes, Aftônio e o anônimo dirigido a Herênio. Por fim, nosso objetivo foi analisar a ekphrasis composta no episódio da “Floresta Encantada”, do Clarimundo, observando como a cena compõe-se com fins retóricos de persuadir pelo “maravilhoso” da cena e pela força dos argumentos, dado o caráter de quem diz e as circunstâncias de enunciação compostos na ficção de João de Barros.