Descrição
Este trabalho parte de uma inquietação com a forma escatológica com a qual o sintagma “ideologia de gênero” foi espalhado no Brasil ao longo dos últimos anos e alcançou um frenesi nacional no ano de 2017. Para investigar os fundamentos subjacentes a esse mal-entendido, assumi uma perspectiva situada entre a psicanálise de Jacques Lacan e sua releitura pelo filósofo Slavoj Žižek, a fim de colocar em debate o mal-estar inerente ao campo do sexual na civilização como ponto de partida para localizar o andamento desses conflitos. Partindo do princípio lacaniano de que não existe relação sexual, tentei extrair as consequências de uma releitura psicanalítica do conceito filosófico de ideologia para pensar essa circulação do sintagma “ideologia de gênero” como tentativa fetichizada de dar uma forma positiva ao antagonismo social das formas de gozo, à negatividade conflituosa que é estruturante do tecido social, mas que não é reconhecida como tal.
