Descrição
Enquanto forma de acesso a determinado objeto cultural, o arquivo se institui no espaço entre a lembrança e o esquecimento, permitindo a preservação, a conservação, e a apresentação de conteúdos para além de seus momentos de criação. Sua dinâmica de constituição e valorização determina como se constituem acervos e suas formas de contato com o público, desde o momento em que são criados e enquanto continuarem sob a guarda dessas instituições. Nesse sistema, que mostra que a criação de arquivos e sua disponibilização é elemento fundamental para a manutenção da memória cultural, é preocupante que a dança encontre, até o momento, pouco espaço dentro de instituições museais. A maior dificuldade da guarda da dança é seu traço mais íntimo: a realização e transmissão corpo a corpo dessa arte identificam que o arquivo mais próximo da dança trata-se de um arquivo corporal, vivo e pulsante, que frequentemente escapa às formas de catalogação às quais os museus estão habituados. Dentro dessa problemática, este artigo aborda a conceituação dos arquivos da dança, especialmente dos arquivos do corpo, investigando alguns exemplos de sistemas de preservação dos mesmos, ao se indagar acerca das particularidades desses arquivos, de sua determinação, e das propostas institucionais pontuadas, ilustrando, para além de sua dificuldade, a importância e o interesse em se preservar a dança, sua memória e seus arquivos.