Descrição
O presente artigo discute as condições sociológicas do êxito escolar e da ascensão social de alunos de origem popular. Segundo Bourdieu e Passeron, na competição escolar os alunos que vencem são aqueles que receberam das suas famílias capitais (cultural e linguístico) e habitus. Ou seja, os filhos das classes média e alta (1964; 1970). Então nos perguntamos: quais são as condições sociológicas que permitem o êxito dos alunos de origem popular, desprovidos de tais capitais? Para responder a nossa pergunta, em primeiro lugar, examinaremos a resposta de Bourdieu; em seguida, apresentaremos a pesquisa de Bergier e Xypas (2013) sobre um caso de alunos multirepetentes que se tornaram médicos, engenheiros, advogados etc. e discutiremos o conceito de sociologia do improvável; em terceiro lugar, tentaremos a transposição no nosso tema de teorias psicossocilógicas criadas fora do campo escolar. Enfim, interrogaremos a existência do mérito pessoal do aluno exitoso, mérito negado pela tradição sociológica, mas defendido pela tradição filosófica. Para desempatar as teorias concorrentes apresentaremos estudos de caso, tanto com adultos que apesar da origem popular se tornaram médico, professor universitário, engenheiro, (a partir de entrevistas em profundidade), quanto com alunos de ensino fundamental II numa escola na zona rural, reconhecidos por todos seus professores como alunos exitosos (a partir de entrevistas de grupo com os professores e entrevistas em profundidade nas casas com as famílias). No final, o artigo apresenta os primeiros resultados das pesquisas em andamento.