Descrição
No início havia um múon – que atravessou toda a atmosfera e chegou na superfície da Terra. Na viagem, desafiou e desdenhou a mecânica de Newton. Como se não bastasse, continuou sua trajetória, penetrou a Terra e foi, eventualmente, observado em um detector subterrâneo a 705 m de profundidade... Um instante, por favor. Sim, claro. Nem todos tiveram o prazer de conhecer o múon. Eu mesmo o conheci somente na universidade, no curso de física moderna. Não, ele não era um aluno, tampouco um professor. Aqui vai a apresentação: o múon é primo-irmão do elétron. Aquele mesmo elétron que conhecemos desde não sei quando e sabe-se lá de onde, e que dizem, e eu acredito e confirmo, ser muito importante para o eletromagnetismo. O múon é uma partícula muito semelhante ao elétron – por isso dizemos serem “primos”. Mas o múon tem uma massa cerca de 200 vezes maior que a do elétron. Curioso, mas apesar de ser mais pesado, os físicos levaram muito mais tempo para encontrá-lo. Isto porque a matéria que nos rodeia, e que, por acaso, também forma o nosso corpo, é composta apenas por prótons, nêutrons e elétrons. Não existem múons na estrutura elementar dos átomos com que lidamos no dia a dia. (Continua...)