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Corpo e arte na estética da guerra
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Metadados
Descrição
Em 1949, Sérgio Milliet e Mário Pedrosa, os dois mais importantes críticos de arte da primeira metade do século no Brasil, encontraram-se em Paris, cidade cujo “corpo” ainda se encontrava marcado pelo desastre da guerra, da ocupação nazista e, por certo, da triste cumplicidade de parte de sua população com as forças que a oprimiram. Milliet relatou uma imagem que ambos presenciaram, ao que parece, e que lhes foi especialmente tocante: Mário Pedrosa, que encontro chegando do Brasil e já instalado em St. Germain, afirma que aquele velhinho à frente de um copo de vinho no café da esquina ali se acha há dez anos. Viu-o em 1937, em 1946 igualmente e o torna a ver agora. Pela praça passaram os tanques alemães, diante da igreja um obus caiu. Houve frio e fome e metralhadoras varreram as cercanias, mas o homem ali continua naturalmente, sem nenhuma intenção de heroísmo. Só porque acredita na vida. E há vida nesse lugar, nessa praça, nessa cidade. Não compreende sequer que possa existir outra coisa, não pensa em emigrar, em bater à porta da aventura, em correr atrás da estrela matutina. Por entre suas pálpebras enrugadas brilha uma nesga azul de admirável serenidade.2 O corpo ali prostrado resistira à supressão dos corpos pela guerra que recém acabara. Sua permanência era sinal de resistência, e não de capitulação, da vida perante a morte. O século XX já havia apresentado parte de sua tragédia e os cinqüenta e tantos anos seguintes, que ligam essa cena a nós, ainda apresentariam outras mais. (Continua...)
Periódico
Colaboradores
DADO AUSENTE NO PROVEDOR
Abrangência
DADO AUSENTE NO PROVEDOR
Autor
Alambert, Francisco
Data
31 de julho de 2017
Formato
Idioma
Direitos autorais
Copyright (c) 2017 Revista UFG
Fonte
Revista UFG; Vol. 9 No. 4 (2008) | Revista UFG; Vol. 9 Núm. 4 (2008) | Revista UFG; v. 9 n. 4 (2008) | 2179-2925 | 1677-9037
Assuntos
DADO AUSENTE NO PROVEDOR
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion