Descrição
A antinomia empregada por José Miguel Wisnik em seu mais recente livro, estampada de imediato no título, dá o tom interpretativo que já se anuncia no subtítulo – o futebol e o Brasil. Embora a interpretação seja recorrente na obra, o que beneficia a leitura linear do início ao fim, talvez algum leitor se sinta motivado a começar o livro pelo fim, pelo quarto e último capítulo, “Bola ao alto: interpretações do Brasil”, impulsionado, é bem provável, pelo desejo de ver a hermenêutica como sublimação de uma prática corriqueira aos olhos de qualquer brasileiro. Talvez a motivação aumente quando esse leitor, no primeiro parágrafo do capítulo, deparar-se com a seguinte frase: “De fato, se a formação da literatura brasileira desemboca em Machado, a do futebol brasileiro desemboca em Pelé”. A proximidade com que trata futebol e literatura faz de Veneno remédio um livro singular, na medida em que associa o esforço físico praticado no futebol ao campo da construção das idéias praticado na literatura, em especial na poesia. (Continua...)