Descrição
Nas configurações sociopolíticas e econômicas do mundo contemporâneo, marcadas pela acumulação flexível, são recorrentes processos de descentralização, desindustrialização, diferenciação, economias de escopo e territorialização. Embora haja movimento crescente por tentar ampliar a mercantilização dos marcos de distinção culturais, dialeticamente também surgem as resistências e os espaços de esperança, baseados em ações potencialmente transformadoras do social (HARVEY, 2012; CANCLINI, 2008). Neste cenário, os territórios rurais têm sido reconhecidos como fontes de saberes e práticas culturais tradicionais, sendo uma de suas principais formas de expressão o artesanato. Ao se utilizar predominantemente de elementos naturais, o artesanato tradicional rural acaba por expressar a interação de comunidades humanas com os territórios que habitam, exprimindo seus valores coletivos e suas identidades culturais. Experiências de desenvolvimento territorial com base na valorização das identidades culturais estão se tornando cada vez mais frequentes no âmbito internacional; entretanto, no que toca ao artesanato rural, o potencial da América Latina parece ainda subestimado. Assim, partindo-se do pressuposto de que o artesanato tradicional rural pode ser considerado vetor de desenvolvimento territorial, este artigo busca analisar o estado da arte desta temática no Brasil, investigando como o artesanato tradicional brasileiro se configura dentro da lógica contemporânea da acumulação flexível