Descrição
O cinema como lugar de estéticas que possibilitam um pensamento heterodoxo possui uma longa tradição. Desde o cinema mudo, filmes exploram e transgridem as fronteiras disciplinares, expondo a construção de suas ficções. Nas últimas duas décadas, esse fenômeno, evidente em cineastas consagrados como Chris Marker, Harun Farocki, Jean-Luc Godard e Eduardo Coutinho, entre muitos outros, tem sido cada vez mais discutido através do conceito de ensaio fílmico ou filme-ensaio. Partindo de uma discussão desse conceito, este artigo pretende introduzir outro, o de filme indisciplinar, e, para evidenciá-lo, traçar sua presença no cinema português. Os filmes escolhidos para testar o novo conceito são Douro, faina fluvial (1931) e Acto da primavera (1963), ambos de Manoel de Oliveira, Catembe (1965), de Faria de Almeida, e Jaime (1974), de António Reis.