Descrição
O caráter abstrato da concepção moderna de liberdade anuncia-se enquanto perda de contato do sujeito com o mundo social. Isolado de contextos intersubjetivos, o sujeito moderno vê sua liberdade converter-se em agir adaptativo, em pura estratégia diante do movimento inexorável da realidade social. A assunção da perspectiva segundo a qual o quadro normativo que estrutura a vida compartilhada é produto da ação social torna evidente o traço puramente formal da concepção moderna de liberdade e faz possível a visualização da relação interna entre história e sofrimento. A impossibilidade de fundar a crítica social no sofrimento abstrato da classe proletária gera a necessidade de tomar o sofrimento individual como ponto de partida da reflexão filosófica. A partir daí, ganha sentido a tematização dos caminhos pelos quais o sofrimento individual adquire horizontalidade e, portanto, alcance compartilhável. Aqui se vê a gênese da resistência enquanto articulação pública de demandas individuais que se provam típicas de certa posição social.