Descrição
Este trabalho tem como proposta a análise do romance sul-africano Disgrace de J. M. Coetzee (1999), traduzido para o português como Desonra (2000), por José Rubens Siqueira, pela editora Companhia das Letras. O livro aborda as relações humanas no contexto pós-apartheid, no qual o homem branco representa uma figura deslocada na sociedade contemporânea e, na contraposição da história, também a mulher branca violentada pelo homem negro, que inicia um processo de retomada da terra e dos bens que lhe foram tomados. Estudou-se a obra, verificando em que medida a narrativa aborda o contexto histórico e social sobre o qual ancora o tema. Paralelo às pesquisas pós-coloniais, o feminismo e a imagem da mulher também se desenvolvem em trabalhos que buscam o rompimento com a sociedade tradicional patriarcal, como demonstra a inversão das estruturas coloniais. A reconstrução do cânone literário que, de acordo com Bonnici (2000), dá-se pelo “[...] questionamento dos princípios básicos dos sistemas dominantes da linguagem e do pensamento” (BONNICI, 2000, p.155). Devido ao modo como o tema é tratado em Desonra, foi investigado como aparecem noções sobre identidade, alteridade e resistência na literatura e cultura, a partir de estudos de Homi Bhabha (2005), Stuart Hall (2003), Alfredo Bosi (2002), Thomas Bonnici (2009), entre outros.