Descrição
O naufrágio simbólico em vida pode representar o fim das esperanças. Mas tem, por vezes, o poder de materializar, de forma contundente e irrevogável, vozes até então silentes. Esse movimento é observado na produção autobiográfica das escritoras Carolina Maria de Jesus e Maura Lopes Cançado, autoras de Quarto de despejo – diário de uma favelada e Hospício é Deus, respectivamente. A partir da análise de suas obras, pode-se inferir que seus escritos, que vão do sussurro ao grito, têm a capacidade de empoderá-las, alçando-as de um espaço de dor e dando-lhes a possibilidade de ressignificar seus universos. Esta leitura parte do diálogo estabelecido entre os dois textos, valendo-se de teóricos como Mikhail Bakhtin e Phillipe Lejeune, dentre outros.