Descrição
O aprendizado da notação musical foi historicamente associado às camadas privilegiadas da sociedade. Assim o descrevem os textos amplamente conhecidos das áreas de História da Música e Musicologia. Temos por certo, contudo, tratarem de um excerto da produção musical, dado que a prática popular excede, em grande número, a das elites. O levantamento histórico das fontes de documentação musical de que se serviram tratou, exclusivamente, da música escrita em notação convencional e, em larga escala, de manuscritos e publicações até fins do século XIX. A partir da institucionalização do aprendizado musical com o advento dos conservatórios, surgiu a demanda por publicações de textos didáticos que uniformizassem o conhecimento musical. De outro lado, as cordas dedilhadas e, particularmente, as guitarras ou violas, serviram à produção musical de todas as camadas da sociedade, desde suas origens árabes, até a difusão pela Europa e por suas colônias. Seu aprendizado se deu por meio não formal, seja pela tradição oral ou não letrada, seja por outras formas de letramento (possivelmente a razão de sua enorme popularidade), desconsideradas naquelas publicações didáticas, à exceção de pequenas citações ao alaúde e às vihuelas. A institucionalização mesma do ensino desses instrumentos ocorreu muito tardiamente em relação aos instrumentos de orquestra e ao piano. Das representações utilizadas nas formas de letramento formal e não formal, a notação da produção instrumental das cordas dedilhadas reúne a notação do gesto, inclusa em um sistema próprio de signos conhecido como Tablaturas, cujos registros mais antigos datam do final do século XV, e Alfabetos Musicais (muito utilizados nos séculos XVII e XVIII). O letramento através dessa notação é, ainda hoje, amplamente utilizado nos meios informais de aprendizado das cordas dedilhadas. A especificidade de tal sistema promoveu a obliteração desses registros históricos dos textos didáticos e do letramento formal até recentemente. A Universidade brasileira ainda não os trouxe à luz.||The musical notation learning has historically been associated with the privileged classes of society, as it is described by the widely known texts of both History of Music and Musicology areas . We, however, deal with an excerpt of musical production, since popular practice exceeds, in large number, that of the elites. The historical survey of the musical documentation sources dealt exclusively with music written in conventional notation and, in large scale, manuscripts and publications until the end of the nineteenth century. From the institutionalization of the musical learning with the advent of the conservatories, the demand for publications of didactic texts that uniformized the musical knowledge arose. On the other hand, plucked strings, particularly guitars or violas, served the musical production of all social classes, since their Arab origins, to their diffusion in Europe and its colonies. Their learning was by non-formal teaching, either oral or non-literate tradition, and also by other forms of literacy (possibly the reason for its enormous popularity), disregarded in those didactic publications, except for small quotes to the lute and the vihuelas. The teaching institutionalization of these instruments occurred very late in relation to the instruments of orchestra and piano. From the representations used in formal and non-formal methods of writing, the notation of the instrumental production of the strings gathers the notation of the gesture, included in a proper system of signs known as Tablatures, whose earliest records date from the end of the fifteenth century, and Alphabets Musical (much used in the seventeenth and eighteenth centuries). Literacy through this notation is, still today, widely used in the informal means of learning plucked strings. The specificity of such a system has promoted the obliteration of these historical records of didactic texts and formal literacy until recently. The Brazilian university has not yet brought them to light.
