Descrição
Este artigo tem dois eixos centrais. Num primeiro momento exporemos a reflexão proposta por Jacques Derrida no seu livro De la Grammatologie (1967), sobretudo no diálogo que este filósofo estabelece, a partir da formulação do quase-conceito escritura, com o estruturalismo linguístico, nomeadamente, com o genebrino Ferdinand de Saussure. Derrida, neste texto, critica Saussure, que, no seu entender, pensaria a escrita como uma mera representação da fala que nada acrescentaria a ela. Num segundo momento, partindo da distinção entre valor e significação (um signo, no interior de um sistema, não significa, mas vale, ou seja, ele apenas tem sua função quando é colocado em oposição a outras signos do mesmo sistema), mostraremos até que ponto a leitura que Derrida faz de Saussure faria justiça ao pensamento do linguísta genebrino. Segundo a nossa interpretação, o pensamento de Saussure já constituiria uma desconstrução daquela metafísica a qual Derrida nomeia como da presença, assim, a crítica que Derrida faz ao linguísta não seria completamente justa. Se levarmos em conta a distinção supracitada entre valor e significação, poderemos pensar a escritura não mais como representação da fala, mas como um sistema de signos que difere da própria fala.