Descrição
Para o cineasta Luis Buñuel as estranhezas sempre deveriam fazer parte de seus filmes. Um homem formado por contradições, assim era Buñuel, com seu menosprezo à sociedade e à religião cristã. Ao destacarmos uma galeria de estilos que se instalou na cinematografia de Luis Buñuel para reafirmar constantemente os traços marcantes de sua obra, dentre eles a polifonia, este artigo se propõe a esclarecer que esta galeria reside nos discursos do cineasta quando estes se misturam e se completam. Nesta polifonia buñueliana sobressai o encontro de Um Cão Andaluz, Viridiana e Bela da Tarde com a pintura Angelus, de Jean-François Millet, quando caracterizado como um elemento constitutivo das reminiscências de Luis Buñuel e do pintor Salvador Dalí. Uma mensagem comum nas obras aqui estudadas que aponta para uma relação com determinadas condições medievais pesquisadas por Mikhail Bakhtin: a morte e os excrementos inseridos na renovação dos desejos sexuais do homem.