Descrição
A afirmação de Vilém Flusser de que somente os netos da geração da década de 1980 seriam capazes de compor música com imagens é a questão que este artigo objetiva enfrentar. Para tanto, investigam-se vídeos publicados no YouTube, cujos códigos musicais, estruturas e tendências evidenciam a hipótese flusseriana de que o universo das imagens técnicas é o mundo da música imaginativa. O processo composicional é realizado no jogo com e contra os aparelhos que geram a imagem-música, especialmente na remixagem de vídeos não-musicais previamente publicados no YouTube (resultando em um vídeo musical) e na montagem de fragmentos audiovisuais realizada a partir de códigos e durações da partitura musical. Com Flusser e para além dele – porque os vídeos para a web aqui estudados não são apenas imagens técnicas, mas experiências estéticas que fazem a partir de um dado programa convergir diferentes linguagens igualmente técnicas (computacional, audiovisual e musical) – enfatiza-se a necessidade de se compreender como tais programas se tornaram a chave para que se identifiquem os desafios do tempo presente.