Descrição
The Chilean Yerko Francisco Pinto Tabilo began his violin studies in the Escuela Experimental de Música de La Serena, the first music social project in Latin America. During his undergraduate studies in Music in Santiago, he was invited to be a teacher in the Brazilian state of Paraíba, where he arrived in 1979 right after the creation of the Music Department at the Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Although he had never been a teacher before, Yerko gradually conquered his space in Paraíba‘s music scenario as a teacher and a violinist. Today, he is known and recognized nacionally, having students and former students involved in the most diverse music environments, not only in Brazil, but also abroad. In order to build the understanding of Yerko‘s music path, including the actions and thoughts involved, I used the etnographic tool through Yerko‘s reports and also through the reports of some of those who used to interact with him. From the knowledge of this teacher‘s history and these reports, it is possible to see that his trajectory was filled of attitudes and thoughts that, at times, diverged from the traditional canons settled by a behavioral heritage established by the colonial thinking within the field of Western classical music. In this manner, this work aims to understand where, how and to what extent the crossroads in this teacher‘s life led him to paths different from the canons of the violin teaching-learning system in concert music and in what aspects these paths constituted an influence for the Paraíba violin scene. I examined Yerko‘s actions inspired by Luiz Rufino‘s Pedagogia das Encruzilhadas (2017), which deals with the different possibilities of paths in any story or trajectory. These paths are governed by the dynamics and powers of the Orixá Exu, the one who gives movement to life, reigns in all forms of communication and, due to its ability to act between the gaps in events, makes it possible to transgress any system established by human beings. In the field of music, the main references used for this work were based on the concepts of authors such as Christopher Small (1998), Jeff Todd Titon (2008), Samuel Araújo and Gaspar Paz (2011), among others. I also needed to study the processes of coloniality in European concert music to understand the extent to which Yerko‘s attitudes transgressed this system. In order to sew this written fabric, I started from the understanding that music, being a language, a movement, an exchange, possibilities, ancestry and diversity is the kingdom of Exu, which is part of it as a creative action that creates the most diverse ways of feeling and experiencing it. The people who practice in it, incorporating it, manifest the strength of the Orixá in their countless practices, faithful or transgressive to the cultural systems in which they are inserted.||Nenhuma||O chileno Yerko Francisco Pinto Tabilo iniciou seus estudos de violino na Escuela Experimental de Música de La Serena, o primeiro projeto social de música da América Latina. Enquanto cursava o Bacharelado em Música em Santiago, recebeu o convite para vir dar aulas na Paraíba, aqui chegando em 1979, logo após a criação do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Nunca tendo lecionado, Yerko foi, aos poucos, ganhando espaço neste estado como professor e como violinista. Hoje, é (re)conhecido nacionalmente e tem discentes e ex-discentes atuando nos mais diversos espaços da música, tanto no Brasil, como no exterior. Para construir a compreensão dessa trajetória e também das ações e pensamentos nela envolvidos, utilizei a ferramenta da etnografia que, nesta pesquisa, está sendo realizada através dos relatos do próprio Yerko, bem como dos de algumas pessoas que com ele conviveram. A partir do conhecimento da história deste professor e desses relatos, é possível perceber que sua trajetória foi composta por atitudes e pensamentos que, por vezes, divergiram dos tradicionais cânones estabelecidos por uma herança comportamental firmada pelo pensamento colonial dentro do campo da música erudita ocidental. Assim, o interesse deste trabalho é entender onde, como e até que ponto as encruzilhadas da vida deste professor o levaram a caminhos diversos dos cânones do sistema de ensino-aprendizagem do violino na música de concerto e em que aspectos esses caminhos se constituíram em influência para o meio violinístico paraibano. Examinei as ações de Yerko inspirada na Pedagogia das Encruzilhadas de Luiz Rufino (2017), que versa sobre as diversas possibilidades de caminhos existentes em qualquer história ou trajetória, caminhos estes regidos pelas dinâmicas e potências do Orixá Exu, aquele que dá movimento à vida, reina em todas as formas de comunicação e, por sua capacidade de atuar nas frestas dos acontecimentos, possibilita a transgressão de qualquer sistema estabelecido pelo ser humano. No campo da música, as principais referências para este trabalho se basearam nas concepções de autores como Christopher Small (1998), Jeff Todd Titon (2008), Samuel Araújo e Gaspar Paz (2011), entre outros. Também precisei estudar sobre os processos de colonialidade na música de concerto europeia para entender até que ponto as atitudes de Yerko foram transgressoras desse sistema. E para costurar esse tecido escrito, parti do entendimento que a música, sendo linguagem, movimento, troca, possibilidades, ancestralidade e diversidade é reino de Exu, que nela se insere como ação criativa e criadora das mais diversas maneiras de senti-la e vivenciá-la. As pessoas que a praticam, incorporando-a, manifestam a força do Orixá em suas inúmeras práticas, fiéis ou transgressoras dos sistemas culturais em que estão inseridas.
