Descrição
Para quem não tenha reparado nas belas performances anteriores de Rubens Rodrigues Torres Filho (Investigação do olhar, 1963; O voo circunflexo, 1981; A letra descalça, 1985; Poros, 1989), uma boa surpresa do seu último livro (Retrovar, 1993), mas presente na obra toda, é a simbiose entre erudição e criação poética. Muitos ainda teimam em acreditar na inocência do ato criador e na sua suposta incompatibilidade com a cultura de alto nível e o uso da razão. O poeta surpreende ao demonstrar o contrário. À medida que os anos passam, e a experiência intelectual se adensa, maisele parece assenhorear-se do ideal proposto por Alberto Caeiro: "Sei ter o pasmo essencial que teria uma criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras". Compor umas "trovas" é pouco. É preciso fazer como Rubens Rodrigues: retrovar.