Descrição
A questão da autonomia da arte, enunciada com clareza pelo idealismo alemão no final do século XVIII e sustentada em múltiplas formulações pelo pensamento dito romântico – com os conceitos de gênio, finalidade sem fim, desinteresse, contemplação, entre outros –, sofre transformações e questionamentos no final do século XIX. As ambigüidades da noção de autonomia estética que marcam a modernidade artística desembocam em antagonismos entre manifestações que defendem formas puras e as que privilegiam a heteronomia da arte, ou seja, as relações que ligam a arte a outros aspectos da cultura em um dado momento histórico. O tema da autonomia continua, contudo, central para uma modernidade que se propõe romper com os modelos e convenções do passado e pensar uma nova relação entre arte e vida. Ao diagnosticar as rupturas provocadas pela modernidade, a estética do jovem Lukács procura situar-se no entrecruzamento de várias filosofias que pensam o problema do ser a partir das manifestações da arte. O ponto de partida é o ensaio sobre Novalis (1907), posteriormente agrupado no livro A alma e as formas (1911), e a História do drama moderno (1912). Em seguida, o autor elabora sua primeira tentativa teórica sob o título Filosofia da arte (1912-1914) e, por fim, elabora a Teoria do romance (1916) e A estética de Heidelberg (1916-1918). (Continua...)