Descrição
Os aventureiros possuíram uma cidade que depois da inauguração lhes foi tomada. Durante a construção, outra cidade lá existia: a sociedade dos que constroem o novo. O produto do trabalho de pioneiros e candangos lhes ficou estranho, mas cabe reconstruir a aventura. O tema da procura do centro confunde-se com a busca do sagrado, como o Graal (centro da vida e fonte da imortalidade). O desejo de estar no coração da realidade denuncia a nostalgia do paraíso, o desejo de, como na árvore sagrada (eixo do mundo) estabelecer o contato com o céu e instaurar a plenitude (Eliade, 1954). A conquista do centro é pura aventura. A aventura é uma forma da experiência marcada pelo princípio da acentuação “onde uma atividade é retirada totalmente do contexto geral da vida, mas deixa, não obstante, fluir em si a força e a intensidade total da vida” (Simmel, s.d.). É a sensação de contraste instituída por paradoxos tais como o de instalar o sentido no fragmentário (o aventureiro faz da ausência de sentido de sua vida um sistema de vida), o de incorporar o acaso (o acontecimento fortuito e exterior) à necessidade (a vida como sentido independente e interior) ou de juntar passividade e atividade (o gesto do conquistador exposto ao mundo). (Continua...)