Descrição
O presente artigo visa explorar a noção de baraka como um fenômeno religioso dinâmico quanto à sua identificação e localização como fonte de poder. O foco será a contextualização das atividades relativas ao circuito de peregrinação a uma tumba de santo, localizada em uma vila rural próxima da cidade de Meknes, no Marrocos. Diferente da tese de que a baraka se irradiaria a partir de determinado lugar (santuário) em concentrações cada vez menores, centrada apenas na presença física e material do corpo do santo, meu argumento é de que a baraka poderia ser manipulada simbolicamente, tendo como base a participação dos descendentes dos santos na transmissão da baraka. O objetivo dessas ações, como pretendo demonstrar, visa garantir períodos de reestruturação interna ao grupo religioso que comanda o santuário, ao mesmo tempo em que expõe determinados laços políticos com o governo marroquino, sobretudo a partir das novas dinâmicas de poder atuante sobre os mausoléus do país.