Descrição
O artigo busca examinar as modalidades de inscrição narrativa das vítimas na televisão como formas de construção do apelo à compaixão, refletindo sobre o papel da visibilidade midiática na constituição da singularidade, da exemplaridade e da subjetividade desses sujeitos. O texto discute traços da emergência vitimária contemporânea, especificamente quanto à padronização e notoriedade das vítimas nas narrativas midiáticas. Em seguida, aborda a construção do apelo à compaixão como gesto moralizador da relação com o espectador. São escolhidos como exemplos balizadores das reflexões sobre a vítima personagens da novela Verdades secretas (2015) e do programa Profissão Repórter. Evidencia-se, ao final, a vocação da teleficção para a recriação cosmética da vítima, em contraste com o telejornalismo, confrontado pela vítima que não é indiferente à própria aparição.