Descrição
Este ensaio procura recuperar a “teoria da dependência” como uma matriz para pensarmos o continente latino-americano tanto em sua parte lusófona como hispânica. Um debate que preza o diálogo e articula tanto o nacional como o continental e o global, os desenvolvimentos culturais pensados em torno da noção de dependência podem ser uma maneira para se combater a divisão histórica que separa as histórias intelectuais do Brasil e de seus vizinhos; uma divisão que foi apontada por Júlio Schwartz em seu ensaio “Abaixo Tordesilhas!”. A partir dos dois desenvolvimentos culturais mais conhecidos deste debate, “As ideias fora do lugar”, de Roberto Schwarz, e “colonialidade do poder”, de Aníbal Quijano, discuto as possibilidades que o estudo comparativo de modelos teóricos abre para que repensemos nossas matrizes nacionais de formas mais inclusivas. Isto é, ao compararmos modelos teóricos pensados para o Brasil e o Peru precisamos repensar, diante dos diferentes contextos, certas ênfases e insights que pareciam lógicos em nosso contexto particular mas que são desafiados diante de novas realidades. Ademais, este ensaio defende a necessidade de recuperarmos matrizes teóricas como a da dependência em um momento em que teorias sistêmicas da literatura voltaram a ser discutidas no debate literário internacional por críticos como Franco Moretti e Pascale Casanova.