Descrição
A etnologia indígena produzida sobre os coletivos das terras baixas da América do Sul vêm desde a década de 1970 produzindo um conjunto de recursos analíticos, metodológicos e teóricos amparados numa revisão de conceitos sustentados por pesquisas etnográficas que procuraram demonstrar a especificidade da vida social ameríndia. Debates e sínteses que se dedicaram a refletir sobre questões como o tempo, o espaço, o parentesco e a corporalidade indicaram perspectivas etnográficas que tinham como foco e atenção as teorias indígenas sobre si e suas relações.Neste contexto a produção de Eduardo Viveiros de Castro ocupa uma posição central (em conjunto com outras etnólogas e etnólogos) na renovação de paradigmas não apenas para a etnologia indígena, mas também para outras discussões temáticas da Antropologia. Trazer ao público a tradução deste artigo implica em um duplo movimento: um é tornar mais acessível a discentes que ingressam cada vez mais nas universidades em cursos de graduação e pós-graduação, através de políticas de ação afirmativa e que não puderam em sua trajetória estudantil acessar cursos de línguas estrangeiras a possibilidade de lerem este texto fundamental a contribuição americanista para a teoria antropológica. Deste modo, o segundo movimento é político e conceitual, pois a tradução para a língua portuguesa do texto de Viveiro de Castro (2004) compõe o projeto antropológico do autor de colocar a reflexão antropológica a favor de uma reconceituação radical sobre o que seja o social, colocando no centro da teoria antropológica as relações e suas variações para demonstrar a multiplicidade de pontos de vistas desestabilizando divisores canônicos como natureza e sociedade, assim como nós e eles.