Descrição
Em Africanta: Ser Negro, de Hudson Ribeiro, a África canta por todos os cantos. É uma poesia escrita com todo o corpo, mas não se trata de um mero corpo composto de ossos, músculos e peles. É um corpo que se traduz a partir da pele como linguagem, como uma tentativa de tornar possível dizer o que aparentemente soa indizível. Desde o primeiro poema, “Nas savanas africanas (Orí… Gens)”, considerando o título, Hudson Ribeiro já anuncia uma espécie de roteiro ou percurso de sua abordagem e de sua postura frente a questão do negro. Se entendermos que savana (também conhecida como anhara em Angola e como cerrado no Brasil) corresponde a uma vegetação composta por gramíneas e arbustos isolados ou em pequenos grupos, provavelmente já temos uma noção das alegorias que o poeta se utiliza para fazer emergir a condição do negro em nossa sociedade.