Descrição
Baseado em uma série de entrevistas conduzidas entre 2011 e 2013 com homens homossexuais de meia-idade residentes na cidade de São Paulo, este artigo busca entender a maneira como percebem determinadas transformações sociais ao longo das últimas décadas, especialmente no que diz respeito ao espaço público e aos locais de sociabilidade por eles frequentados. Para isso, faço uso tanto do material etnográfico coletado durante o trabalho de campo quanto de referenciais teóricos que localizam espacial e temporalmente essas transformações, além de captar determinadas tendências em relação à percepção subjetiva daqueles que viveram um período em que a visibilidade da questão LGBT era muito mais tímida do que nos dos tempos atuais. Nos discursos aqui analisados, que acompanham a trajetória de mudanças ocorridas na capital paulista desde a década de 1970, é possível perceber duas inclinações predominantes: enquanto alguns interlocutores se mostram satisfeitos com o presente e encaram positivamente o cenário de visibilidade que veem hoje na cidade, outros parecem deslocados, direcionado suas críticas a eventos de grande porte como a Parada do Orgulho LGBT e ao comportamento dos jovens gays, que fariam mau uso das liberdades conquistadas pelas gerações que os antecederam.