Descrição
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a relação entre família e exploração agrícola em assentamentos do meio norte do Mato Grosso. A reflexão baseia-se em dados etnográficos obtidos em assentamentos rurais entre 2008 e 2014 cujas terras estão, atualmente, totalmente ocupadas por lavouras de soja, não se diferindo, do ponto de vista da ocupação física do espaço, das grandes explorações agrícolas. Inspirando-se na noção de “rede”, descreve-se um caso concreto a fim de demonstrar como os assentados ativam os familiares e, por vezes, os vizinhos para plantar soja e, por meio destes, mobilizam (ou tentam mobilizar) os recursos necessários para tal, produzindo e reproduzindo obrigações entre si. Por essa via, tanto se definem aproximações e distanciamentos entre membros “da família”, bem como se constituem composições de áreas para implantar lavouras, transcendendo os limites do lote individual, além de estabelecer, manter ou alterar hierarquias sociais entre os envolvidos.