Descrição
O presente trabalho propõe uma discussão sobre os discursos feitos em torno das crianças como “projetos de futuro”, àquelas que a sociedade, a família e demais instituições teriam o intuito e o dever de preparar para tempos posteriores, sendo lembrados, portanto, como promessas e dependendo para isso, de “investimentos” programados. Junto a isso, trazemos as concepções também de natureza como um lugar que precisaria ser “preservado”, onde construiríamos “relações harmoniosas e equilibradas”, para o bem de todos e todas. Nossa hipótese de trabalho é de que o conteúdo e os processos de algumas produções e discursos, ao se colocarem como servindo a todos, em nome das futuras gerações e tendo a natureza/meio ambiente como sendo únicos e de responsabilidade partilhada, serviriam de um lado para produzir a ideia da existência de uma única perspectiva e visão, assim sem conflitos ou divergências de interesses; Por outro lado, ao se realizar isso – enquanto produção simbólica – se estaria produzindo na prática a defesa e os interesses de uns poucos, isto quer dizer, daqueles que falam (emitem o discurso) e que, ao desconsiderarem as diferenças relacionadas às crianças no presente, contextualizadas e pertencentes a uma determinada classe, deixariam obscuras as raízes das desigualdades que geram disparidades sociais e econômicas, reproduzindo assim, através do discurso hegemônico e também, em alguns casos, adultocêntrico , as relações desiguais que sustentam a injustiça social e ambiental existentes na atualidade, tanto no Brasil, quanto na cidade de Rio Grande.