Descrição
Este artigo tem por direcionamento proporcionar uma discussão a respeito da arte cômica e da sua influência na elaboração diegética do texto dramático La Odisea, de autoria de César Brie, dramaturgo argentino radicado na Bolívia. Por meio das teorias sobre o cômico e o riso de estudiosos como Sigmund Freud, Mikhail Bakhtin, Henri Bergson, Cleise Mendes e Vladimir Propp traçaram-se quadros de análise interpretativa para avaliar a recorrência de elementos cômicos no texto dramático de Brie e suas possíveis motivações, operacionalizando o humor como crítica social e política às situações vividas pela Bolívia e pela América Latina. A mescla do trágico e do cômico, a utilização das dualidades entre essas duas categorias que há tempos permeiam o hall de interesses de artistas e intelectuais, a exploração dessas dualidades, assim como a recorrência do cômico, é próprio da arte poética do referido dramaturgo. Embora a mescla entre o cômico e o trágico mostre-se recorrente na contemporaneidade, como bem exemplifica a obra de Brie, buscamos demonstrar nesse artigo ser essa uma via recorrente na dramaturgia em língua espanhola, já estando presentes em obras como La Celestina (1499), El burlador de Sevilla y convidado de piedra (1630) e sendo até mesmo recomendada por Lope de Veja em seu texto de 1609, El arte nuevo de hacer comedias en este tiempo, tornando, assim, a veia da comicidade uma constante na dramaturgia de língua espanhola.