Descrição
O presente artigo investiga a participação de Manuel Ferreira no meio intelectual goês entre 1948 e 1954, e a sua contribuição no Boletim da Emissora de Goa e no jornal O Heraldo. Nos primórdios da sua carreira de escritor e africanista, a experiência goesa de Ferreira se configura como um duro confronto com a problemática realidade ultramarina e com as fragilidades de um meio cultural atingido duramente pela repressão salazarista. Entre propaganda com sabor de lusotropicalismo e desapaixonada defesa de escritores e artistas locais, Ferreira inscreve a sua estadia em Goa entre a dívida e a devoção, tentando conciliar as suas obrigações políticas com o seu desejo de cultivar literatura.||This article investigates the participation of Manuel Ferreira in the intellectual circles of Goa between 1948 to 1954, and his contribution to the Boletim da Emissora de Goa and the journal O Heraldo. In the early stages of his career as a writer and a scholar in African literature, the experience of Ferreira in Goa discloses a harsh confrontation with the problematic ultramarine reality and with the vulnerablility of the cultural milieu greatly affected by Salazar’s repression. Between lusotropicalist propaganda and unbiased defence of local writers and artists, Ferreira spent his stay in Goa between debts and devotion, trying to conciliate his political duties with the desire to nurture literature.