Descrição
The present work analyzes a possible poetics of visibility in Merleau-Ponty's The Doubt of Cézanne. The essay written at the same time as the Phenomenology of Perception thematizes the philosopher's response to Cézanne's concerns about the value of his works. Merleau-Ponty brings his phenomenological conception closer to the existence of the radical caesura provoked in modernity by Cézanne's painting. We focus mainly on the aspect of vision, more detailed throughout the text by Cézanne's paintings that, once marked by the phenomenological aspect, are able to awaken in philosophical thought the encounter with the primordial elements of the nature of things. Such an encounter is engendered by the phenomenon of creative expression, as a pre-reflective experience, which transposes the unprecedented, the invisible, the formless from the scope of art to the lived experience.The paint for Merleau-Ponty does not have a merely representative character, but establishes an ontological visibility. In this essay, the philosopher anticipates the production of an onto-phenomenology, which combines a non-reproductive conception of art with the emergence of being.||O presente trabalho analisa uma possível poética da visibilidade na obra A dúvida de Cézanne de Merleau-Ponty. O ensaio escrito na mesma época da Fenomenologia da Percepção aborda a resposta do filósofo às inquietações que Cézanne possuía quanto ao valor de suas obras. Merleau-Ponty aproxima sua concepção fenomenológica da existência da cesura radical provocada na modernidade pela pintura de Cézanne. Nos concentramos principalmente no aspecto da visão, mais detalhada no decorrer do texto pelas pinturas de Cézanne que, uma vez marcadas pelo aspecto fenomenológico, são capazes de despertar no pensamento filosófico o encontro com os elementos primordiais da natureza das coisas. Tal encontro é engendrado pelo fenômeno da expressão criadora, como experiência pré-reflexiva, que transpõe o inaudito, o invisível, o informe do âmbito da arte para a experiência vivida. A pintura para Merleau-Ponty não possui caráter meramente representativo, mas instaurador de uma visibilidade ontológica. O filósofo antecipa neste ensaio a produção de uma onto-fenomenologia, que alia uma concepção não reprodutiva da arte à emergência do próprio ser.
