Descrição
Este artigo busca explicitar a ressonância do conceito de esfera de Peter Sloterdijk, espaço habitado e partilhado sempre por dois ou mais polos, a partir topologia de Martin Heidegger, centrada na noção ontológica de morada do ser, habitação do homem junto ao ente na totalidade. Apesar da dívida conceitual, Sloterdijk afasta-se de Heidegger quando repensa a técnica moderna, modus da abertura do ser da contemporaneidade no qual todos os entes surgem como meros recursos. Para Sloterdijk, ao considerarmos a gênese antropogênica da morada, podemos concluir que a própria morada (enquanto esfera) é construção antropotécnica gregária do animal humano. Inverte-se, assim, a relação habitar-construir. Este trabalho, portanto, tem a função de resgatar algumas relações conceituais entre os dois filósofos alemães a fim de clarificar e propor a discussão da diferença nas implicações teóricas e práticas de cada uma das concepções, a despeito de sua partilha de pressupostos filosóficos.