Descrição
O presente ensaio tem por objetivo mostrar o papel desempenhado pelas hipóteses ad hoc em dois importantes episódios da cosmologia científica: a adoção da constante cosmológica por Einstein e a descoberta da matéria escura por Zwicky. Há importantes semelhanças entre ambos, uma vez que foram hipóteses adotadas com base em possíveis interações cosmológicas gravitacionais. Comumente encontramos juízos distintos em relação aos dois casos, apenas por um ter sido lembrado como um “sucesso preditivo” e o outro como um “fracasso” de Einstein. Procuramos mostrar ao longo do texto como, não apenas essa avaliação não é justa, como também que a adoção de hipóteses ad hoc é um recurso largamente utilizado na ciência e necessário ao seu desenvolvimento. Até mesmo nos principais referenciais em filosofia da ciência, como Lakatos, Kuhn, Popper e Laudan, encontramos avaliações sobre a utilização destas hipóteses muito mais positivas do que popularmente se dissemina, classificando-as como “estratagemas convencionalistas” utilizadas apenas para mascarar dificuldades teóricas e conceituais. Todos estes referenciais citados se mostram unanimes sobre a importância das hipóteses ad hoc para o progresso da ciência, apesar de suas divergências sobre concepções de ciência e de progresso.