Descrição
O presente artigo aborda as implicações de uma análise retórica musical nos processos de reelaboração musical, em especial, na transcrição para o violão de 11 cordas – alto-guitar – sobre a suíte II - BWV 1008 - de J. S. Bach. É muito comum que transcrições de obras de J. S. Bach para o violão moderno de seis cordas omitam – ou descaracterizem – determinadas figuras retóricas musicais presentes nas partituras originais do compositor. Talvez seja pelo fato de termos um legado de violonistas transcritores que não buscaram ferramentas de reelaboração musical ligadas às discussões da nova musicologia histórica, aspecto que ganhou espaço pouco a pouco nas universidades a partir da segunda metade do século XX. Ao avaliar as singularidades da Suite II, foi possível analisar as figuras retóricas musicais no intuito de propor uma nova transcrição da obra para o alto-guitar como parte dos resultados dessa pesquisa. Assim, foi possível sugerir soluções para alguns obstáculos de reelaboração musical e, consequentemente, da performance musical de obras barrocas. Por fim, concluimos que, partindo de uma imersão na linguagem musical de J. S. Bach foi possível evitar manobras idiomáticas e mecânicas instrumentais que enfraqueciam a consistência composicional das obras além de, repensar a prática das transcrições musicais enquanto ferramenta importante no ensino da música barroca no Brasil.