Descrição
O silenciamento de vozes femininas na literatura revela certa dificuldade de reconhecer a possibilidade de que a mulher tensione e pense em temas para além do cenário doméstico. Neste sentido, o presente artigo propõe um diálogo entre duas poetisas, Ana Cristina Cesar (na coletânea Poética, de 2013) e Angélica Freitas (em Útero é do tamanho de um punho, de 2017), vislumbrando na poética de ambas a inserção de temários que dialoguem com um lado político de ser mulher e a inclusão do olhar feminino como discurso capaz de perscrutar posicionamentos contrários às imposições sociais sobre o papel da mulher na sociedade. Alicerçando-nos precipuamente pelos estudos de poesia (HOLLANDA, 2001a; 2001b), a crítica feminista (DUARTE, 2019; SCHMIDT (2019), os estudos de gênero (BUTLER, 2019) e, acima de tudo, o diálogo entre poemas de ambas as escritoras, desejamos demonstrar a potencialidade de uma dicção poética oriunda do feminino.||The silencing of female voices in the literature reveals some difficulty in recognizing the possibility that women may tense and think about themes beyond the domestic sphere. In this sense, the present article proposes a dialogue between two poets, Ana Cristina Cesar (in the collection Poetic, 2013) and Angélica Freitas (in A uterus is the size of a fist, 2017), glimpsing in the poetics of both the insertion of themes that dialogue with a political side of being a woman and the inclusion of the female gaze as a discourse capable of searching positions contrary to social impositions on the role of women in society. Basically based on poetry studies (HOLLANDA, 2001a; 2001b), feminist criticism (DUARTE, 2019; SCHMIDT, 2019), gender studies (BUTLER, 2019) and, above all, the dialogue between poems of both writers, we wish to demonstrate the potential of a poetic diction from the feminine.